Em agosto passei um final de semana em Myanmar, me opondo à recomendação de alguns Farangs e de quase todos os Thais.
Claro que há muito temor em relação à Junta Militar que governa o país e muita discussão sobre quem leva vantagem com o turismo, governo ou iniciativa privada.
Também há muito ódio pois Burmeses são inimigos históricos dos Thais: saquearam, pilharam e queimaram regiões de Siam por muitos séculos, sendo uma ameaça constante. Ao menos até a Inglaterra incorporar Burma como colônia. Ouví de um Thai: "Aproveite para conhecer todo o Ouro, Prata e Diamantes roubados de nós."
Opiniões à parte, busquei meu visto, sem fila por razões óbvias, e alguma burocracia como em todos os países considerados comunistas. Rapidamente aprovaram, 48h úteis.
Ticket comprado pela Thai Airways, vôo lotado diga-se de passagem. Ninguém se atreve a viajar em outra cia. aérea para lá.
No próprio vôo pude perceber algumas diferenças: Burmeses possuem a pele mais escura, são maiores e mais corpulentos que os Thais. Estes são muito afeminados, ao contrário dos primeiros. Mesmo utilizando o sarong, saia masculina, em grande parte do país, não há razão para duvidar da masculinidade de ninguém. Já por aqui, a história é outra.
As mulheres são mais curvilíneas, lembrando o estilo das Brasileiras, com sorrisos bonitos, nem tão abundantes como aqueles das Thais.
O belíssimo alfabeto Burmês
O povo parece ser cheio de energia, trabalhador, mostrando iniciativa e aptidão para falar idiomas. Encontrei alguns jovens ao longo de minha estadia que podiam falar várias línguas, Francês, Inglês, Coreano e Japonês, por exemplo. Não duvidem, testamos.
Começamos pelo pólo econômico do país, antiga capital, Yangoon. O governo se mudou para longe, Naypyidaw, seguindo o exemplo do governo brasileiro ao construir Brasília.
Aliás, são todos fãs de nosso futebol. Inclusive o padre que encontrei ao visitar uma das catedrais, Santa Maria, no domingo. Conhecem os jogadores brasileiros, especialmente aqueles que atuam nas ligas inglesa e espanhola. Não poderia passar a oportunidade de comprar uma camiseta da seleção de Myanmar e do Yangoon United Football Club para meus afilhados.
Até o final de 2010 terão reformado todos os vitrais destruídos durante a II Guerra Mundial.
O povo é muito amistoso e se desdobra para te ajudar. São muito inocentes quando comparados a outros povos da região e tratam muito bem os poucos turistas que recebem. De fato, são ávidos por turistas.
Esse é um lamentável efeito do embargo comercial: quem sofre é a população. Membros do governo seguem andando de Mercedes Classe S 0Km e curtindo o poder.
Cheguei na excelente pousada de US$10 por noite, limpa e com ar condicionado por volta das 20h de 6a. feira. Pedí ao rapaz que nos ajudasse a conseguir uma vaga no vôo matinal para Bagan, a região dos mais de 2000 templos e pagodas (é isso, dois mil, não errei a digitação). O rapaz acionou todos seus contatos e em menos de 1 hora recebí a programação: vôo matinal para Bagan (Yangon Airways), charrete alugada para nos guiar pela área turística do local, hostel de US$ 8 por noite e reserva para a volta no domingo de manhã. Tudo garantido na confiança. Aceitam US$, com câmbio muito diferente do oficial. Aqui vai uma das dicas mais importantes: NUNCA troque moeda em bancos ou nos aeroportos. Câmbio oficial US$ 1 = 6 kyats, no paralelo: US$ 1 = 1.070 kyats !!!
Outra boa dica é levar chocolates baratos para dar de gorjeta. Acreditem, o povo adora, não importa a idade. Faz mais efeito que dinheiro. Fiquei impressionado, especialmente com a reação do rapaz que nos ajudou no aeroporto na ida para Bagan. Achei que ele ia reclamar e, ao contrário, adorou. Daí para frente foram apenas sorrisos ao longo de nossa viagem. Uma caixa de Kit-Kat com 48 unidades.
Visitamos no primeiro dia o Shwedagon Pagoda, o maior templo budista do mundo, repleto de Ouro, com uma coroa de diamantes no topo do Pagoda principal feita por 5.448 diamantes e 2.317 rubís. O topo contém um diamante de 76 carat (15 g). Lindíssimo, de dia e de noite, é um dos locais que impressiona turistas de quaisquer crenças e nacionalidades. Visitamos novamente no domingo para ver sua beleza sobre efeito da luz do Sol. Não vale à pena descrever. Vejam as fotos. O templo data de cerca de 2500 anos atrás mas a stupa principal foi construída entre os séc. VI e X (veja a primeira foto da postagem).
Cenas noturnas: a stupa ao longe, a coroa de diamantes e,
abaixo, a magnitude das construções.
Impressionante a quantidade de famílias Burmesas visitando o templo, uma das cenas mais bonitas que já ví.
Aqui, monges param para conversar com turistas e praticar o idioma Inglês.
Ônibus aéreo: parada de 20 minutos para descer e subir passageiros; se ficar no toilet perde o vôo...
US$ 72 ida e volta, muito eficiente, o avião passa o dia todo viajando entre as cidades em uma rota circular.
Chamei este post de Resgate em Myanmar, pois nos sentimos resgatando o turismo perdido que tanto aquele povo simpático e sofrido necessita. Pelas minhas contas, deixei mais de 80% do que gastei com a iniciativa privada.
Mercado de Yangoon: muitas quinquilharias Thais e Chinesas; a camiseta preta "Você já esteve em Myanmar ?" valeu !!!
Marcas de cerveja: Myanmar e Mandalay Red; a Mandalay Blue tem gosto de remédio.
Imagens da pobre capital com seus automóveis precários e as barracas
que vendem sandálias, um dos principais produtos do país (de couro e borracha).
O país vive da exportação de Gás Natural e de Madeira para a Tailândia e para a China. Há acordos bi-laterais com os 2 países. Ainda é um dos principais produtores mundiais de Papoula, especialmente no Norte mais frio, região que turistas não podem frequentar em função do controle de "guerrilhas", como se referem ao narcotráfico local. A relação destes exércitos paralelos com o governo gera muita controvérsia. É também um dos principais produtores de rubís e outras pedras preciosas. Dizem que ganham a chancela "Made in Thailand" e são exportados legalmente para os países que sustentam o embargo comercial, EUA principalmente. Não sei, mas onde há fumaça, há fogo...
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